Águas Revoltas

Águas Revoltas
Para lá do Horizonte...Somewhere over the rainbow....

sábado, 24 de julho de 2010

sexta-feira, 23 de julho de 2010

TAL E QUAL...





Já diziam os romanos
Há muito mais de mil anos:


Mesmo ao fundo da Ibéria
Debruçado sobre o mar,
Vive em pose subalterna
E com postura funérea,
Um povo que não se governa
Nem se deixa governar

Foi passando entanto a História
E rios houve de glória:

Meio mundo descoberto
Em actos de valentia!
Produtos orientais
Vendiam-se a céu aberto
A render dinheiros tais
Que enriqueciam num dia!

(Em alguns ainda há o jeito
É só vê-los... dito e feito!)

Depois foi a decadência:
Roubados e sem clemência!

Mas sempre há quem viva à larga
Mantendo o povinho ordeiro;
Quem tenha vidas bem fartas
Mantendo as "bestas de carga"
Quem baralhe e dê as cartas
Como dizia Junqueiro

Hoje é bom que aqui se frise,
Estamos mal. Sim, pela crise.

Mas quem indexou salários
A produtos duvidosos?
Quem inventou a maneira
De ganhar metendo em risco
Uma economia inteira?
Sim, quem foram os gulosos?
Quem os off-shores vários
Inventou, fugindo ao fisco?

E o povo
Que não se governa
Nem se deixa governar,
Não trilha um caminho novo:
Vai andando... e deixa andar...

Em política, hiberna;
Diz apenas: gente reles!
Mas inda que empobrecido
Enquanto vê crescer panças,
Apressado, esbaforido,
Vai às urnas, vota neles!

... E prosseguem estas danças.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

E não há xenofobia?!

Lisboa
Diz que velório da sogra foi mais caro por "ser cigano"
Telma Roque
João Silva, lisboeta e morador na Ajuda desde que nasceu, há 62 anos, garante que foi discriminado pela sua paróquia por ser de etnia cigana. Afirma que o padre cobrou mais 95 euros para o velório da sogra, alegando que os ciganos são "violentos e porcos".

sábado, 3 de julho de 2010

A NOVA LÍNGUA PORTUGUESA






É de toda a conveniência estarmos

"ATUALIZADOS"/ACTUALIZADOS



Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos pretos 'afro-americanos', com vista a acabar com as raças por via gramatical, isto tem sido um fartote pegado!

As criadas dos anos 70 passaram a 'empregadas domésticas' e preparam-se agora para receber a menção de 'auxiliares de apoio doméstico' .

De igual modo, extinguiram-se nas escolas os 'contínuos' que passaram todos a 'auxiliares da acção educativa' e em 2009 passaram a chamar-se 'assistentes operacionais'.

Os vendedores de medicamentos, com alguma prosápia, tratam-se por 'delegados de informação médica'.

E pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em 'técnicos de vendas '.

O aborto eufemizou-se em 'interrupção voluntária da gravidez';

Os gangs étnicos são 'grupos de jovens'

Os operários fizeram-se de repente 'colaboradores';


As fábricas, essas, vistas de dentro são 'unidades produtivas'e vistas da estranja são 'centros de decisão nacionais'.


O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à 'iliteracia' galopante.


Desapareceram dos comboios as 1.ª e 2.ª classes, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes 'Conforto' e 'Turística'.


A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: «Sou mãe solteira...» ; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: «Tenho uma família monoparental...» - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante.


Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças irrequietas e «terroristas»; diz-se modernamente que têm um 'comportamento disfuncional hiperactivo'


Do mesmo modo, e para felicidade dos 'encarregados de educação' , os brilhantes programas escolares extinguiram os alunos cábulas; tais estudantes serão, quando muito, 'crianças de desenvolvimento instável'.

Ainda há cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado 'invisual'. (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o 'politicamente correcto' marimba-se para as regras gramaticais...)

As putas passaram a ser 'senhoras de alterne'.
Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em 'implementações', 'posturas pró-activas', 'políticas fracturantes' e outros barbarismos da linguagem.


E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a «correcção política» e o novo-riquismo linguístico.
Estamos lixados com este 'novo português'; não admira que o pessoal tenha cada vez mais esgotamentos e stress. Já não se diz o que se pensa, tem de se pensar o que se diz de forma 'politicamente correcta'.

E falta ainda esclarecer que os tradicionais "anões" estão em vias de passar a "cidadãos verticalmente desfavorecidos"...

Os idiotas e imbecis passam a designar-se por "indivíduos com atitude não vinculativa"

Os pretos passaram a ser pessoas de cor.

O mongolismo passou a designar-se síndroma do cromossoma 21.

Os gordos e os magros passaram a ser pessoas com disfunção alimentar.

Os mentirosos passam a ser "pessoas com muita imaginação"

Os que fazem desfalques nas empresas e são descobertos são "pessoas com grande visão empresarial mas que estão rodeados de invejosos"


Para autarcas e políticos, afirmar que "eu tenho impunidade judicial", foi substituído por "estar de consciência tranquila".

O conceito de corrupção organizada foi substituído pela palavra "sistema".

Difícil, dramático, desastroso, congestionado, problemático, etc., passou a ser sinónimo de complicado.